um convite para sair e festejar

Texto com passeios químicos que apareceu no Diário de Coimbra de 22 de Fevereiro de 2011. Pode não haver outros motivos para festejar, mas a química torna a nossa vida muito melhor

O Ano Internacional da Química celebra em 2011 as realizações desta ciência ao serviço do bem-estar da humanidade. Para o festejar, proponho alguns passeios ao encontro da química que existe fora dos laboratórios e salas de aula.

Em Coimbra há muitos lugares que evocam a química. Desde os modernos centros de investigação e ensino aos edifícios históricos e nomes de ruas. O Laboratório Chimico, no qual está actualmente instalado o Museu de Ciência da Universidade de Coimbra, foi o primeiro edifício do mundo construído de raiz para o ensino e a investigação da química. Junto ao Jardim Botânico, a Rua Vandelli contorna o Jardim Escola João de Deus e recorda Domingos Vandelli (1739-1816), primeiro professor de História Natural e Química da Universidade de Coimbra após a reforma pombalina, que entre outras muitas outras coisas, esteve envolvido na actividade empresarial de produção de loiças e porcelanas. A Rua Tomé Rodrigues Sobral (1759-1829) acompanha a antiga linha de comboio da Lousã na Solum e lembra o professor de Química, natural de Moncorvo, que organizou a produção de pólvora durante a resistência às invasões francesas e desenvolveu desinfectantes de cloro para combater um surto de peste em Agosto de 1809. A Rua Costa Simões liga a rotunda dos HUC à circular interna. Na placa é referido que António Augusto Costa Simões (1819-1903) foi presidente da câmara de Coimbra. De facto, este professor de Medicina, natural da Mealhada, durante os dois anos em que presidiu à câmara, pôs em funcionamento o abastecimento de água canalizada para a cidade. E, de entre as muitas actividades que desenvolveu, desde criador de uma escola de enfermagem a reitor da Universidade, foi um divulgador e pioneiro na utilização da química forense. José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), natural de Santos no Brasil, professor de Metalurgia que teve alguma actividade científica na área da química em paralelo com a sua actividade política, dá nome à avenida nova que liga a Guarda Inglesa a Santa Clara. Há ainda a referir uma rua que evoca o professor de Química e reitor da Universidade de Coimbra, António Jorge Andrade de Gouveia (1905-2002).

Vimos nomes de ruas que recordam cientistas que cultivaram a química ao serviço da sociedade, mas nem só nomes de pessoas evocam a química. Há nomes como a Casa do Sal, ou referências a artes e indústrias desaparecidas que têm histórias de química para contar e há surpresas em nomes como o da Rua da Feitoria dos Linhos. E nem todos as coisas que evocam a química têm de ter um local definido. Podemos sair para a rua e encontrar química nos cheiros e sabores na cidade e no campo, na natureza e nas tecnologias e actividades humanas. Dar com histórias curiosas sobre o desenvolvimento de produtos farmacêuticos ou agroquímicos. Encontrar química nos equipamentos urbanos, sinais de trânsito, pavimentos das ruas, ar condicionado, meios de transporte e, na realidade, em tudo o que nos rodeia.

Sem comentários:

Enviar um comentário