(PC-CC) Pastilhas elásticas: a culpa não é da química...

Quem olhar com atenção para o chão das cidades vai notar um grande número de rodelas negras que, com o calor, por vezes se colam aos sapatos: são pastilhas elásticas. A falta de civismo, o descuido e a tontice fazem-nas chegar aos pavimentos e a sujidade que está no ar e no chão tornam-nas negras. Nesta parte do percurso, que pode ser em qualquer parte da cidade onde circulem pessoas, podemos parar para comentar a química das pastilhas elásticas e as histórias que lhes estão associadas.

Historicamente o chicle era obtido da resina de algumas plantas, pois esta resina contém polímeros naturais designados por politerpenos que são naturalmente elásticos. Actualmente a goma base das pastilhas elásticas provém de polímeros sintéticos que são obtidos a partir de produtos petrolíferos. Para além dos açucares e de vários aditivos, nas pastilhas elásticas são usados polímeros como o poli-isobutileno e co-polímeros como o isobutileno-isopreno, estireno-butadieno e ainda polivinilacetato. Todos estes polímeros são insolúveis em água e não são biodegradáveis. Assim não vale a pena usar água para tentar limpar pastilhas elásticas, embora o gelo, ao tornar estes polímeros mais rígidos, possa ser útil para ajudar à sua remoção parcial.

Para fazer bolas é necessário que uma parte do açúcar tenha já sido retirado pois este, não sendo um polímero, diminui a elasticidade. É de notar que uma forma de fazer uma estimativa da quantidade de açúcar numa pastilha poderá ser medir a sua massa antes e depois de perder o sabor (após ser mascada).

O açúcar nas pastilhas elásticas é mau para os dentes e para a saúde em geral. Assim, algumas pastilhas elásticas têm, em vez da sacarose, compostos como o xilitol, que, para além de lhes darem o sabor doce, atacam o desenvolvimento das bactérias na boca. Dessa forma, as pastilhas elásticas acabam por ser benéficas, como tem sido sugerido por vários estudos independentes. Mas convém não esquecer que o xilitol em excesso tem efeitos laxantes, além de outros efeitos que poderemos ainda não conhecer bem.

Os químicos, que ajudaram a criar o problemas ao desenvolverem os polímeros sintéticos, também têm soluções para o problema que nos fez parar aqui. Estão a ser desenvolvidos co-polímeros que têm uma parte hidrofílica, os quais ao mesmo tempo que mantêm as características das pastilhas elásticas, as tornam mais facilmente removíveis com água, além de se tornarem (potencialmente) biodegradáveis.

Para saber mais:
[1] Palmira F. da Silva "Uma pastilha elástica revolucionária", De Rerum Natura, Setembro de 2007.
[2] Halina Stanley “Materials science to the rescue: easily removable chewing gum”, Science in School, 9 (2008) 56.

[versão de 20 de Janeiro de 2010]

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